Imagine seis grandes ilhas isoladas por uma imensidão azul de fazer inveja ao próprio céu. Adicione ao mar turquesa o brilho do sol mais fiel, todo o perfume da cultura Polinésia e um festival de referências a destinos irresistíveis nos Estados Unidos: o conforto dos resorts das Bahamas, a organização e os serviços das grandes metrópoles, grifes de luxo geminadas a la Beverly Hills e atrações infantis para qualquer um virar criança, feito os parques de Orlando. Agora é só misturar e... aloha!! Bem-vindo ao Havaí.
Encravadas em pleno Pacífico, a cinco horas de voo de Los Angeles e nove horas de Tóquio, as ilhas havaianas são um legítimo abraço entre as culturas do Ocidente e do Oriente. Com clima ameno durante o ano inteiro e uma diversidade no receptivo que vai do cheeseburguer ao sushi, do poke ao cheesecake, o Havaí recebe com a mesma propriedade do turista que só pensa em surfar ao magnata acostumado a ostentar. Das baladas ao esporte, do mergulho sabático à imersão na natureza, a sensação é sempre a mesma, de que “aqui é o meu lugar”.
Quase sempre o destino é O’ahu, a ilha que abriga a Capital do estado, Honolulu, e também as praias que personificam o paraíso... com visões e versões para todos os gostos. A cosmopolita Waikiki oferece os maiores hotéis, um calçadão em ebulição permanente, grandes magazines como Macy’s e H&M (e também seletas como Chanel e Valentino), restaurantes giratórios, aquário, zoológico e tour de submarino pelo fundo do mar. Rico em aviões e embarcações submersos, abatidos na intensa participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o mar de Waikiki concentra a vida marinha como um aquário gigante, de colorido exuberante.
Como bem sugere o nome, no Havaí, naturalmente, tem canoagem havaiana, esporte tão democrático quanto o mergulho e o surfe, modalidade criada ali mesmo pelo nadador olímpico Duke. Prefere a terra firme? Então seu destino é o Diamond Head. Se o fôlego suportar a bela hora de caminhada entre a base e o topo do vulcão, não se iluda. A panorâmica de Waikiki, descortinada ao final do passeio, é de deixar qualquer um sem ar. Se esporte, aliás, for mesmo a sua praia, a ilha de O’ahu ainda reserva escaladas, rapel, kart indoor, golfe e tirolesa.
Para as famílias com crianças, tem parque aquático Wet’n’Wild e parque temático Sea Life Park, com coreografias de golfinhos que vão fazer os adultos voltar no tempo. As baías Turtle Bay (com o restaurante do Hilton Hotel aberto ao público) e a “blindada” Hanauma Bay (onde ninguém entra sem assistir ao vídeo sobre as regras de preservação ambiental) rendem um banho de alegria até mesmo para quem se limita a mergulhar com snorkel, tamanha a quantidade de peixes deslizando nas águas transparentes. Nas praias de Ko’olina, delimitadas artificialmente para banhar hotéis de luxo com mar cristalino, é possível alugar pranchas, caiaque e stand up paddle mesmo não sendo hóspede do Marriot ou do Aulani, o resort da Disney 100% ambientado na cultura polinésia.
Experiências mais culturais incluem o Bishop Museum - que congrega as tradições polinésias, um centro de ciência e o hall da fama dos atletas havaianos - e o comovente complexo de Pearl Harbor. Além do USS Arizona Memorial, que preserva a memória do fatídico ataque do Japão aos Estados Unidos em 1941, quando mais de 2 mil pessoas morreram dentro ou nas proximidades do navio Arizona, Pearl Harbor exibe navios de guerra, mísseis, submarinos e o Pacific Aviation Museum, que não poupa homenagens à Rainha dos Ares Amelia Earhart, a primeira piloto a efetuar um voo solo do Havaí à Califórnia, em 1935.
Tradição imune ao tempo
O Reino do Havaí foi estabelecido em 1795 a partir da unificação de cinco ilhas: O’ahu, Hawaii (conhecida como Big Island), Maui, Molokai e Lanai. Disputada ao longo de um século por potências como a Inglaterra e a França, a monarquia acabou sendo anexada aos Estados Unidos em 1898. Sob a égide da bandeira americana, ganhou nova forma de Governo, adotou novo idioma e se rendeu a um novo ritmo, sem jamais deixar de reverenciar seus patrimônios, naturais e imateriais. A devoção às dinastias Kamehameha e Kalakaua é explícita nos palácios, na Catedral, em lindas estátuas e no batismo dos logradouros públicos.
Outros legados do Reino do Havaí não apenas encantam como emocionam turistas de todo o mundo. A dança do hula, que saúda em gestos todo o esplendor da natureza, dita o ritmo em shoppings, cruzeiros e calçadões. Os colares de flores, conchas e sementes - cada qual com seu significado - compõem um visual inconfundível com os onipresentes figurinos floridos dos visitantes. E o luau é o pano de fundo para dezenas de shows, como o Big Kahuna, o Paradise Cover e o interativo Centro de Cultura Polinésia.
Com mais de 50 anos de tradição, o Centro de Cultura Polinésia oferece sequências de shows de hula, uma performance apoteótica com tochas flamejantes, generosos buffets típicos e artigos de artesanato. E apesar de toda a diversidade, não se resume a atração turística. Ali, estudantes das demais ilhas do Pacífico encontram a oportunidade de estudar e aprender, compartilhando toda a riqueza e o saber das ilhas de Samoa, Tahiti, Fiji, Marquesas, Tonga e Nova Zelândia.
O próprio Havaí, mesmo tratando-se de um único estado, tem diferenças marcantes entre uma ilha e outra. O’ahu é a mais desenvolvida e povoada. Maui abriga uma constelação de resorts, lojas de luxo e restaurantes dignos das celebs que frequentam a ilha. A maior das ilhas, Hawaii, é um convite a sobrevoos ou estadas exploratórias, em especial às praias com areia preta e verde, tatuadas pela lava dos vulcões. As menores são Lanai e Molokai, dois paraísos praticamente virgens. E a mais exótica é Kauai, conhecida como Ilha Jardim por abrigar uma floresta e o Grand Canyon do Pacífico.
O deslocamento entre uma e outra ilha é feito por via aérea ou marítima. E quem preferir não circular pelo arquipélago, pelas despesas que as viagens implicam, também pode se deliciar al mare com os cruzeiros de fim de tarde, com jantar, show e o mais arrebatador pôr-do-sol no cardápio. Para os fãs da série Hawaii Five-0, em cartaz durante 10 anos nas TVs de todo o mundo, o Iolani Palace também é parada obrigatória. QG dos investigadores na série, a construção de 1893 abrigou diferentes departamentos, do Executivo e Legislativo, antes de ser convertida em Palácio da Justiça. Independente do programa, ao deixar a terra natal do presidente Barack Obama uma coisa é certa: todos vão dizer mahalo, tamanha a gratidão pelas férias fantásticas nesse éden universal.
Ana Lavratti é Jornalista e Mestra pela UFSC. Acumula experiência em TV, jornal e assessoria de comunicação, e desde 2016 é colunista no portal Acontecendo Aqui. Também é escritora, autora de 4 e-books e 6 livros, entre eles "Você Mulher Ainda Melhor", com portfólio no www.analavratti.com.br
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